Postagens

O AMOR EM PALAVRAS

O AMOR EM PALAVRAS O amor não cumpre itinerários com sombras nem chega entre promessas de paredes, surge num vendaval de entrega, numa fuga entre beijos, o amor desnuda a preguiça dos horários e o seu salário tem no sangue a cor do desejo, terrível mais que palavras sem caminhos é o amor sem perdão, mas o amor brilha porque tem sorrisos na pele, o amor quer apenas viver como se a loucura de quem amamos fosse a nossa remissão, o amor não tem modos de banco nem trincos na ternura, dura apenas o tempo entre o trânsito e a tarântula, o amor é sem bula, sem bulimia, e apenas cabe no dia que revela intenções de eterno, o amor tem encanto e discurso, causa susto e dispneia, embaralha as ideias e soluça sombras, e na curva do abandono o amor tem cheiro de carícia no cio, o amor não trava na ponte, mas desacata o horizonte com seu som de desafio, amor é igual a doce de água, às vezes o amor afaga o silêncio com sua faca de lágrimas mas nunca fere a saudade, apaga os rastros de seu avesso e ras

DESERTOS

DESERTOS Se o sol perder o ânimo Se a lua entrar em pânico Se a chuva errar de alvo Se o mar se por a salvo Se a terra abortar O estupro do átomo Se o vulcão devorar As luas de asfalto Se o vento escapar Pelos horizontes Se o amor implodir Nos indiferentes E se o rio engasgar E se a ponte fingir E se a rua ruir E se o riso rasgar E se o olhar tropeçar E cair no espelho E se o cheiro do tempo Estiver vencido E se o gosto do veneno For o antídoto E se tocar der barato E se ouvir for calar E se falar for sem rosto E se o efeito de pensar For imediato E se todo sentimento Investir no mercado E se as cédulas rasgarem As celas de identidade E se as selvas salvarem As cidades do vírus Civilizado E se as flores murcharem Sem piedade Então está revelado: É hora de se despir Do deserto das casas É hora de se vestir Asas de audácia E sobrevoar o medo Da ternura Encarar a culpa Do perdão E se exercitar Deus Nos gestos Do coração

A LINGUAGEM DIVINA

A LINGUAGEM DIVINA A poesia é a linguagem Divina Por isso é preciso se ficar em silêncio Só a poesia fala e tudo o mais a escuta Quando o poeta recita Deus está se expressando O poeta é o canal de expressão e a poesia é o enigma da Divindade em cada um de nós O poeta então é um instrumento de Deus e a poesia o Seu mistério A todo instante a poesia traz uma mensagem da Divindade em cada lugar, em cada montanha, mar, em cada rio em cada sombra, luar, em cada frio em cada sol, folha, pedra, grão em cada pássaro, pedra, em cada verme no pão, no lixo, no risco, no corisco no silêncio, grito, sussurro, canto A poesia está no riso e no amor No frio e no calor No louvor e na oração A poesia é a palavra de Deus aos homens e mulheres Com o fio da poesia Deus trama o silêncio de Sua presença Por isso o grande momento da poesia é só silêncio E nesse silêncio Deus nasce em você e você dá à luz a poesia A poesia de Deus salta de dentro do mistério e isso não é lógico nem racional Apenas uma verdade

A BICICLETA

A BICICLETA O menino come a bicicleta que passa na sina da mãe atenta prepara o entardecer na lata e sai do fogão um cheiro de bule e brasa na chapa o grito: “mãe”, “mãe, mãe, a bicicleta!”. Ela chega na porta, cospe, e vê lá de dentro, “Vem cá, vem”, vaza pela mão memória “Senta”. Ele traduz ao tamborete o raio nó, a pétala no ponto de pasto. “Mãe, mãe, eu quero!”. A porta com a ternura aberta já coloca o mingau para sonhar. “Daqui há pouco, viu?”. E é só o que importa

MOLA

MOLA O que impulsiona o mundo? O elemento bruto em sua essência Anima de alma em inocência Básica Na porta do fundo Batem vou abrir é só alguém Que pede uma esmola A mão detém A ousadia do fato e dá-se em flor De assédio mútuo É que o amor Tem um conjunto de normas especiais Que de vez em quando são esquecidas A mão que pede é a que oferece Está vazia leve ágil são suas medidas A outra traz o lixo das minas originais Para limpar-se dá e agradece

FÉ INTELECTUAL X FÉ ESPIRITUAL

FÉ INTELECTUAL X FÉ ESPIRITUAL Para os que se dizem intelectuais é bem melhor acreditar nas baboseiras (eu falei acreditar) nas baboseiras seculares inúteis de Focault, Marx, Adorno, Deleuze, Bourdieu, Hannah Arendt,Sartre, Bakunin, Exupery, Marx, Gramsci, Caio Prado Júnior, Caetano Veloso, Che Guevara, Carlos Zéfiro, George Orwell, etc, etc, melhor, mais confortável, mais seguro, não envergonha, não paga mico, mas com Deus o buraco é mais em cima, precisa de muita coragem, desapego, humildade, mansidão, paciência, e muito, muito amor mesmo, coisa aliás relegada aos poetas (os que que não tem medo do Divino Mestre) e à Deus. O espírito de poeta na praça continua em mim, só que agora com muito mais vigor porque existe alguém e algo, pela primeira vez em toda a minha vida, a quem dedicar essa mesma vida sem medo algum de perdê-la porque traz como certeza absoluta a possibilidade de vida eterna: Deus. E só Ele pode isso. Ele, que usa as coisas loucas deste mundo para mostrar aos que se co

O AMOR EM PALAVRAS

O AMOR EM PALAVRAS O amor não cumpre itinerários com sombras nem chega entre promessas de paredes, surge num vendaval de entrega, numa fuga entre beijos, o amor desnuda a preguiça dos horários e o seu salário tem no sangue a cor do desejo, terrível mais que palavras sem caminhos é o amor sem perdão, mas o amor brilha porque tem sorrisos na pele, o amor quer apenas viver como se a loucura de quem amamos fosse a nossa remissão, o amor não tem modos de banco nem trincos na ternura, dura apenas o tempo entre o trânsito e a tarântula, o amor é sem bula, sem bulimia, e apenas cabe no dia que revela intenções de eterno, o amor tem encanto e discurso, causa susto e dispneia, embaralha as ideias e soluça sombras, e na curva do abandono o amor tem cheiro de carícia no cio, o amor não trava na ponte, mas desacata o horizonte com seu som de desafio, amor é igual a doce de água, às vezes o amor afaga o silêncio com sua faca de lágrimas mas nunca fere a saudade, apaga os rastros de seu avesso e ras